terça-feira, 30 de junho de 2009

Projeto Condomínio - Kickoff

A idéia de criar um conteúdo com base em diferentes personagens que morem num edifício ("condomínio") pode dar uma maior flexibilidade para explorar diferentes formatos em função das histórias, personagens e situações. As principais referências que eu imaginei até o momento são:

  • stand-up comedy / esquetes (ou "stand-up comedy à brasileira"): usando um formato que está "no grito" no exterior com seus temperos brasileiros (onde o protagonista não é um ponto de vista, mas um personagem mais completo), é possível criar situações curtas e que possam se encaixar, explorando dimensões individuais dos personagens. Desde o formato stand-up comedy tradicional (Rafinha Bastos na "Arte do Insulto") até o esquete besteirol tipo Terça Insana (Dona Edith, líder comunitária que escreveu um livro "Como Criar Seu Filho na Favela") ou uma dinâmica de interação entre dois ou mais participantes, como o Webtherapy.

  • multiplataforma: diferentes dimensões da história podem ser melhor exploradas em diferentes mídias. Neste momento, ainda não penso na melhor exploração destas mídias (em potencial de venda), mas simplesmente na melhor aderência de cada "formato" à uma mídia específica, seja videos avulsos na internet, seja uma associação sequencial de série, seja um blog com texto + video, seja mídia gerada por usuário, seja audio complementando video. E acho que hoje em dia podemos pensar em fazer algo para a web e para mobile independente de termos uma operadora celular para desenhar o projeto. A operadora entra depois como uma estratégia de rentabilizar esse conteúdo pra gente (e atingir volume)

  • personagens que são arquétipos "pop" não-tão-distantes do cotidiano: gosto da idéia de criar personagens que pertencem ao contexto diário de todos nós, mas que representam algum elemento da cultura "pop" (urbana, contemporânea, de tribos). Por exemplo, uma mãe de santo que traz a pessoa amada em sete dias, e que é entre as sessões com os clientes é uma perua, ou é uma frequentadora de baile funk, mas algo que não tem a ver com a encenação durante a sessão com o cliente. Nesse exemplo, mistura-se um elemento urbano (o "trago a pessoa amada em sete dias", ou mesmo os clientes que procuram cartomantes e depois no trabalho ficam contando como foi) com alguém do contexto diário (independente das cenas cômicas das sessões em si, uma personagem perua ou periguete tem um ponto de vista bem claro para situações de interação com outras personagens).

Vou seguindo na linha da gente fazer algo como um "condomínio", um lugar com várias pessoas, moradores e funcionários, e que tenha espaço para criarmos histórias individuais em diferentes formatos, além de ter uma conexão entre os personagens pelo fato de dividirem o mesmo espaço físico.

Alguns personagens que eu já tinha pensado no passado (só pensei entre moradores/condôminos):

1) Cartomante/Taróloga, que seria uma socialite falida (o marido deu um golpe e fugiu com o dinheiro) e pra tirar um trocado pra pagar os luxos (leia-se a empregada) usa seus conhecimentos de tarô (ou quiromancia) aprendidos em cursos a la Casa do Saber a clientes, geralmente indicados pela sua empregada. Esconde de seus amigos que é cartomante, concilia suas sessões com telefonemas de amigas socialites (onde dissimula onde está e o que está fazendo) e da empregada com problemas de cobradores, das crianças, etc., e também fica chocada com os problemas e situações relatados pelos clientes (principalmente os que são indicados pela empregada). Pode ir se humanizando ao longo do tempo.

Racional da personagem: o estereótipo urbano da socialite falida bate com um elemento da cultura pop que é o "trago a pessoa amada em sete dias". Pode ser um personagem principal em quadros, mostrando (1) o lado cômico de um trapaceiro bem intencionado que quer sobreviver, (2) o lado da socialite falida que é uma coisa que todo brasileiro gosta, como ser rico é ser bandido todos gostam de ver um falido sofrendo com a perda dos privilégios. Pode também ser um personagem de apoio, fazendo escada para outros personagens em interações.


2) Atendente de Call Center Free Lancer, que pra complementar a renda faz trabalho de telemarketing em casa. Não seria um perfil de atendimento de call center estúpido, mas sim uma pessoa esperta, e que usa os jargões de telemarketing para conseguir o que quer. O ponto é que o que ela quer geralmente não é exatamente o que o cliente quer, ou o que o produto que ela vende quer. Tinha pensado em ela ser uma estudante de nutrição, que vende alimentos congelados pelo telefone, e quando conseguisse vender algo, ficaria discutindo e questionando o que o cliente quer em termos de saúde e nutrição, mas poderia ser interessante ser uma pessoa em busca de uma vocação, e à medida em que ela se envolve com cursos ou trabalhos diferentes, mudar o assunto sobre o qual ela faz telemarketing, sempre explorando a interação dela com o cliente. Estudante de nutrição ou de macrobiótica vendendo congelados por telefone, estudante de filosofia vendendo assinatura de revista de fofocas, ou seja situações antagônicas entre o que ela estuda/procura e o contexto da ação de telemarketing.

Racional da personagem: o arquétipo da pessoa em busca de uma vocação ou de uma paixão a que possa dedicar seu trabalho, batendo com o elemento da cultura pop que é o "atendente de call center". Pode ser um personagem principal em quadros isolados, mostrando o lado do atendente que realmente precisa do trabalho de telemarketing e é obrigado a lidar com clientes com os mais diferentes perfis (ao contrário da visão clássica que a do cliente obrigado a lidar com um atendente despreparado ou orientado pela empresa a enrolar), e ao mesmo tempo coloca sua marca particular e sua visão na interação com o cliente. Pode também ser um personagem de apoio com participação menor em outras esquetes, com tiradas de atendentes de call center e "cacos".

3) Clubbers, que seria um casal jovem (irmãos, namorados ou amigos, ninguém sabe) frequentador da cena noturna, e que sempre estão acordando e relembrando da noite anterior com dificuldade de ordenar os fatos. Nesse ponto recupero a dinâmica do nosso curta "Manhã", com a reconstrução da noite anterior em hipóteses à medida em que um outro personagem relembra os acontecimentos. Os personagens não têm qualquer indício de vida fora do contexto da cena noturna (não têm ou mencionam trabalho, não têm ou mencionam amigos ou familiares), e podem tratar a situação de não se lembrar da noite anterior devido aos excessos com naturalidade por ser habitual, ou com desapontamento por mais uma vez terem se excedido. Possivelmente um dos dois é mais racional e questiona se este modo de vida vale a pena, ou os dois nem questionam o lifestyle, para tornar o contraste com o público mais óbvio.

Racional das personagens: são as personagens que discutirão os últimos "gritos" e tendências (ou a morte de modismos) de formas extremadas, e representando um lado transgressor de todos nós (e do público) desprovido de crítica e senso moral, e por isso capazes de gerar empatia e identificação do público.

Bom, por enquanto fico por aqui. Outros pedaços de idéias eu ainda tenho, mas tenho que desenvolver um pouco mais pra ver se cabe ou não. Possivelmente nem todos os "tipos" vão caber, alguns podem ficar pra um projeto futuro. A idéia desse blog é essa, ir colocando (eu atualizo este tópico com drafts de personagens meus, vc abre um teu com os teus) e a gente vai evoluindo.

Não sei se essa é a melhor forma de ir colocando as idéias, mas de repente um tópico sobre estrutura/formato, outro sobre personagens, etc., etc., a gente vai segmentando as partes da idéia pra depois juntar tudo num projeto.


Um comentário:

Aline Conceição disse...

Toda a sorte do mundo pra você e o seu filho!
Que deus abençoe vocês e que ele proteja todos!